terça-feira, 28 de outubro de 2014

Abandono...

Soneto
Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono

Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo

Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída

Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio.

Chico Buarque


E enquanto eu corria, sempre

Na contra mão da tua mão,

Enquanto eu sorria entre lágrimas

Da constante repetição do teu não,

Na solidão... extremo abandono

Eu me crie! Tive de me criar

E recriei , tantas vezes que nem sei

Aceito! Entre sorriso amarelo

Coração descoberto,  fratura exposta

Temendo abismos ainda maiores

Entreaberto. Por vezes escancarado

Quase era dia com sol nascendo

E eu me lia , e relia

E sorria pra não mais chorar

Quase de pé , café requentado

Enquanto, certamente você dormia.

E eu ? Anestesiado pois

Escurecia... sempre cinza

Aceito... que remédio ?

Te deixar não consigo

não voltar , impossível
 

 ficar com você, só raros momentos

mas sem tudo que é  você, migalhas

Eu aceito, me humilhar a não te perder .

Mas fortaleço minha fé , esperanças mil

Que um dia seus olhos me alcancem

Mesmo que na distância eu já esteja

E quem sabe não te espero ?


Paz, saúde e regressos .

(Texto inspirado num poema de L.N.)
 


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