sábado, 1 de maio de 2021

De sentir algo ...


 

Nirvana

Viver assim: sem ciúmes, sem saudades,
Sem amor, sem anseios, sem carinhos,
Livre de angústias e felicidades,
Deixando pelo chão rosas e espinhos;

Poder viver em todas as idades;
Poder andar por todos os caminhos;
Indiferente ao bem e às falsidades,
Confundindo chacais e passarinhos;

Passear pela terra, e achar tristonho
Tudo que em torno se vê, nela espalhado;
A vida olhar como através de um sonho;

Chegar onde eu cheguei, subir à altura
Onde agora me encontro - é ter chegado
Aos extremos da Paz e da Ventura!

Antero de Quental



Não sei que sentimento surge quando lembro de fragmentos incertos de uma aparente felicidade .

Chamaria de saudade , mas como ... Saudades temos do que sabemos ser bom , do que revela uma felicidade vivida , sentida no corpo e na alma . 

Lembranças de fragmentos , cuja autenticidade faz deles questionáveis, onde frente a montagem do recente mosaico, então com os conhecimentos atuais se percebe, nitidamente, tanta manipulação, mentiras e falsidades. Jogo egocentrista de interesses dúbios e descabidos frente a valores normais... se perdendo na vã certeza de vitórias momentâneas vazias e absolutamente liquidas, imediatistas em série crescente pela insustentabilidade de um curtíssimo futuro.

O que faço se a ilusão insana persiste , se teu cheiro não abandona minha pele , se teu gosto está em minha boca se tua voz me persegue na solidão das noite insones e se tuas fotos aquecem meu coração.

Perdido e lutando com a realidade que me impõe severo castigo , não encontrando paz em novas e promissoras chances de um novo amor ... nada consegue arrancar as raízes que por mais desmerecidas ainda permanecem fincadas em meu ser .

Buscar paisagens e encontrar fumaças, permanecer frente a uma estupidez constatada , querer encaixar tantos erros em alguns momentos felizes . 

Dizem que maré calma nunca fez bom marinheiro e eu recordar da avassaladora presença que não roubava a paz , simplesmente não permitia a paz , simplesmente me chocava , me expulsava e me buscava para ocupar espaços físicos e por vezes , raras, doava tempo, atenção e carinho que se multiplicavam infinitamente por conta da visceral necessidade de ver você, de respirar o mesmo ar encostar em teu corpo ... te ver dormir e te acordar com um café fresco .

Dizem que é loucura tentar tirar da cabeça quem não sai do coração , e é a mais pura verdade ... e assim seguir os dias esperando que a vida mude , se você mudar ... mude.

Consagrei tua morte e luto com o  desejo de ressuscitar você , mas se junto persistirem os  erros ... me diz o que fazer para reciclar o inanimado estado da desesperança?

Paz, sabedoria e saúde.