quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Do amor...



Uma releitura.


E no inverno temos noites mais longas e dias mais frios e cinzentos e para todos os lados que se olha nos deparamos com pseudos-declarações de amor, casais felizes, beijos apaixonados. Mas como ficam aqueles que ainda não encontraram a sua cara metade?
Confesso que nesses meus quase 45 anos de vida, nunca tive lá muita sorte no quesito amor. Sempre gratamente me doei a quem posteriormente eu comprovava... não merecia, e acabei sofrendo por quem nunca se importou com o que eu em essência sentia, com quem nunca tinha responsabilidade emocional e até fiz planos com quem queria apenas passar o tempo... um templo de gozos imediatos... prazeres superficiais... caricias corriqueiras ... pouco ou nenhum suor.
Tenho hoje o meu coração remendado e vira e mexe ele é quebrado e quase nunca consigo colá-lo por inteiro. Será que sou pré-destinado a solidão? Será que bondade , gentilezas , doação e fraterninade em simbioses  serão sempre encaradas como atos idiotas por pessoas medíocres?
Me pego às vezes sonhando com a mulher que vai olhar pra mim e me aceitar com sou, que vai gostar dos meus defeitos e achar graça nas minhas nem tão poucas perturbações mentais leves ou moderadas, bem  criadas do efeito direto pelas tantas experiências dessa vida...louca vida.
Quantas vezes já me perguntei: Por que não eu? Aonde foi que eu errei? As respostas ainda não apareceram... se é que errei... se é que respostas existirão... sentarei e esperarei nascer o sol.
Mas apesar de tudo, e a dor de mais um momento de solidão que sinto, a perversa esperança ainda vive dentro de mim em relação ao que poderá acontecer... será. Ainda acredito que todos nós temos direito de amar e ser amado, e esse “ todos nós” também deve incluir a mim...desde o tempo infantil até a velhice.
Não vai ser fácil passar mais noites solitárias. O ritual vai ser o mesmo: eu, meus livros , minhas músicas e eventualmente uma garrafa de conhaque, e em cada pequeno gole a lembrança de uma tentativa  frustrada, mas que eu me dediquei de corpo e alma. 
Não me arrependo de viver intensamente, acho até que às vezes sou até exagerado, mas qual a graça de se amar se não for intenso? Se não "causar" incêndios, terremotos e "tempestades em copo d'água”?
Pena que eu só entenda o solitário... incompreendido, anulado... e a resignação se “assenta” e que na conjugação do verbo, cada vez mais abstrato, amor eu continuo na primeira pessoa do singular.
E creia , não por egoísmo , mas por falta de opção , não me refiro aqui ao amor-próprio , esse a gente vai aprendendo a ter , nesse ponto sou francamente apaixonado por mim...
Mas por enquanto a vida é assim. Enquanto a fada não aparece, vou escrevendo palavras soltas que acalmam o meu coração solitário, afinal, ser solitário é uma forçosa arte, e quem sabe por essa arte eu me encontro...me reencontro ou sou encontrado e valorizado. Mas de uma coisa eu tenho certeza... sempre faço minha parte , sempre uso do que entendo como o mais caro de um sentimento...a boa vontade... e assim posso dizer que sou honesto e feliz comigo mesmo.

Paz , saúde e amor.

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